Sunday, June 26, 2005

 

Car@s amig@s, estamos de viagem

As malas não estão prontas nem tudo está certo, mas estes caros amigos e estas caras amigas aqui estão de partida. Rumo: Congresso da União Nacional de Estudantes. Muitas expectativas. Tudo bem, tudo bem: o PCdoB vai ganhar a majoritária mais uma vez! Os crachás serão comprados e manipulados ao bel prazer das forças políticas. A discussão será pouca, a bagunda, muita. Mas resta sempre a boa esperança: quem sabe dá certo?

A companhia da viagem é da melhor categoria: sonhadores e sonhadoras. Rodolfo, Cecília, Débora e Roberto. É bem verdade que infelizmente Luaní e Guigo ficam. Mas é que enquanto os quatro primeiros vão construir sonhos sertões baianos a fora, alguém tem que continuar tocando o mundo da vida real. E assim, simbora! Simbora cheinhos e cheinhas de medo, ansiedade, dúvidas. Cheinhos de vontade de discutir política, conhecer gente, dar muitíssimos beijos de boca libertários - menos para Rodolfo, que Mari fica.

É isso, então: saudações libertárias a todos e todas, eu quero é ser feliz!

Tuesday, June 21, 2005

 

Caro amigo, .

Quero expressar o quanto devo a ti. Apeguei-me demais, mais do que a racionalidade aconselhava. E, te procurava, procurava, procurava. Encontrei no único lugar que você sempre esteve e foi quando aconteceu.

Depois de te encontrar lá, tudo foi mudando, aos poucos não existiam mais picos de felicidade, euforia, êxtase, não existiam mais melancolias repentinas, tristeza, menos ainda cara fechada.

O bom humor tornou-se constante, o sorriso, que já era fácil, colou no rosto. Não me pergunte se estou bem, agora, eu sou.

Hoje, devido a você, Amo mais; Gosto mais; Entendo mais; Tolero mais;

Nem ligo mais para a proibição das ênclises, portanto: Me divirto mais!

O tempo todo, sem mais ou menos, sem altos e baixos. E não é de graça, achei exatamente o que deveria achar.

Estou em plenitude.

Precisar de você, de um lugar para estar com você foi a melhor coisa que me aconteceu. Foi a chave para encontrar a mim.

Agora, estou completa. Os espaços estão ocupados pelo que sempre esteve lá. Sempre haverá espaços para quem chega e vai embora, são bem vindos, todos! A sala de visitas é aconchegante, charmosa, alegre, serão servidos do bom e do melhor, não tenha dúvida.

Há espaço também para que quiser ficar, compartilhar a plenitude, fico bem satisfeita, adoro ver pessoas felizes. Mas é preciso chegar de mansinho, com cuidado, existem muitas coisas que quebram fácil, fácil e agora, que encontrei o que precisava tomo muito cuidado com elas para que não quebrem, nem rachem, fico contente em cuidar do que é valioso para nós.

É, meu caro. devo tudo isso a ti. Precisar de você promoveu toda essa benfeitoria, ter que te achar foi meu maior tesouro. O único lugar em que você estava era aqui dentro, alimentado pela ausência de mim, tomando espaço enquanto eu vasculhava a vida procurando o que já estava.

Obrigada, por tudo que você não foi.


Sunday, June 19, 2005

 

Caro Amigo,

venho aqui apresentar-me. Serei breve. Deixarei ao tempo a tarefa de desvendar-me. Não que seja tarefa difícil me ver despida por meio de palavras. Não, não sou do tipo difícil, não tenho muitos mistérios. Sempre me deixo à mostra, involuntariamente. Talvez tenha sido por isso que tanto hesitei em ti escrever. Tímida que sou, fico encabulada de deixar assim, a vista de todos, minha pouca habilidade com as palavras. Sempre fui afeita a elas, contudo nunca tivemos uma relação harmoniosa. Mas não me atrevo a brigar com ela, a cortar relações, ficar de mal, dar um gelo. Não, não estou louca. Sei de minha dependência. Sempre precisei de palavras pra me organizar, para pôr em ordem a casa dos sentimentos. Sempre me resolvi falando, sou mesmo de falar muito. O problema é quando a danada tá escrita. Minha falta de habilidade se torna mais evidente. Minha vergonha dobra. Não dá pra fazer caretas, dar língua, fazer biquinho, sorrir, sacudir os ombros só com palavras. Ou dá? Acho que dá, só eu que não sei fazer mesmo. Por isso que não sou muito de me lançar a essa caça às palavras que é escrever. Uma vez fui alertada que "lutar com palavras é a luta mais vã", sou boa menina sigo os conselhos. Não entro nessa briga. Até porque tenho medo e escrita não é coisa pra medrosos.
Rios sem discurso (João Cabral de Melo Neto)
Quando um rio corta, corta-se de vez
o discurso-rio de água que ele fazia;
cortado, a água se quebra em pedaços,
em poços de água, em água paralítica.
Em situação de poço, a água equivale
a uma palavra em situação dicionária:
isolada, estanque no poço dela mesma,
e porque assim estanque, estancada;
e mais: porque assim estancada, muda,
e muda porque com nenhum comunica,
porque cortou-se a sintaxe desse rio,
o fio de água por que ele discorria.
O curso de um rio, seu discurso-rio,
chega raramente a se reatar de vez:
um rio precisa de muito fio de água
para refazer o fio antigo que o fez.
Salvo a grandiloqüência de uma cheia
lhe impondo interina outra linguagem,
um rio precisa de muita água em fios
para que todos os poços se enfrasem:
se reatando, de um para outro poço,
em frases curtas, então frase e frase,
até a sentença-rio do discurso único
em que se tem voz a seca ele combate.

Tuesday, June 14, 2005

 

Cara amiga Pedra Ametista,

de onde tiraram de ti tamanha concretude? És-te bela, menina Pedra. E bela pareces capaz de seduzir de tal jeito o nome das coisas, a cor das coisas, a finalidade das coisas, que és concreta abstratamente. Isso porque o concreto, menina Ametista, eu não temo. Eu, que sou concreto, piso com cuidado por demais no que é liquefeito, no sublimado. Eu, que sou concreto e conheço a superfície de todas as coisas, relego à permeabilidade dos poros da inconcretude da alma humana esse meu sentimento das outras coisas do mundo. E me vem agora a dúvida: de que cor é uma ametista? Que cheiro tem uma ametista? A cor da ametista é da essência da ametista, menina pedra? Antes o abstrato da cor à sua concretude. Assim, de forma a pairar como o cheiro de um homem amando, espero sempre a sua beleza. Porque ela virá trazando todas as demais coisas concretas e abstratas. E trará a própria menina Pedra Ametista que tem em si um amor-dor tão concreto que fere mesmo a idéia do abstrato, e outro amor-sorriso tão abstrato que trinca a concretude mesma do diamente que sou, Pedra Ametista.

Sunday, June 12, 2005

 

Car@s amig@s, mil e um

Mil bons-beijos-de-boca em Débora,
E
Um couvert artístico para ficar

Mil jeitos de dizer a Rodolfo que o amo,
E
Um abraço que diz tudo

Mil Rodrigos abusados e apaixonados por Marina
E
Um melhor-amigo-para-a-vida-toda

Mil ônibus para Brasília com conversas sobre Cazuza
E
Uma Cecília toda de branco a brincar com o abstrato

Mil Canções neste Junho
E
Uma Janis Joplin me libertando a alma

Mil ingressos no Caro Amigo
E
Um dizer: voltem sempre!

Thursday, June 09, 2005

 

Caro amigo Escrúpulo,

eu juro que fico me perguntando todo-santo-dia-de-dona-izildinha o que minha avó, sem sombra de dúvida, já se perguntava quando ele nasceu: para onde é que vai o Partido dos Trabalhadores?

Filiei-me ao PT nas vésperas das últimas eleições para a prefeitura. Carteirinha eu não tenho ainda, mas o papel verde que serve de comprovante para a minha alma vermelha de que sou militante do Partido está no cofre do carro até hoje. E hoje, quem diria, eu tenho dúvidas sobre minha condição de petista. E não, minhas reclamações não são por conta do Governo. Este nunca foi, nunca será, não nos próximos meses-nunca, um Governo de esquerda. É qualquer coisa que eu, há alguns dias, julgava estar em disputa, em construção, em diálogo com os movimentos sociais e com os focos de resistência da esquerda brasileira, mas que não está. E não está porque a Reforma da Previdência - peloamordedeus - não estava. Não está porque a Reforma Universitária com seus retrocessos e prejuízos ao que é público, não está. Não está em disputa porque diálogo pressupõe afirmação e o Governo do lado dos movimentos toma a cara de quem já foi e entende o movimento, mas do lado do patrão, posa de prudente centro-esquerda da medida do possível econômico e neoliberal: esquizofrenia! Meu problema não é com o Governo porque, com sinceridade, aqui a esperança pode até ter vencido o medo, mas o terno, a gravata e a barba feita tiraram da esperança a própria esperança.

Meu problema, e dessa vez com maior sinceridade ainda, é com o PT. Porque o Governo não está em disputa, mas e o PT, cara pálida? O PT está em disputa? O PT ainda é um espaço para o convencimento e de fortalecimento da emancipação social? Ah, eu não sei. Porque na disputa interna da minha ontologia - acho que Pessoa explica - metade de mim é a paixão pela estrela e metade de mim é desassossego e decepção. Alas minoritárias do Partido, o que se convencionou chamar de esquerda do PT, apontam duas saídas. A primeira delas é estar no Partido porque esse "estar" é estratégico, tático. O PT, apesar de não estar realmente em disputa, ainda seria o único espaço de diálogo partidário possível. A segunda saída, por fim, é a derradeira saída: rumar para o P-SOL, o Partido daquela senhora com quem muito simpatizo, Heloísa Helena. E mais uma vez: eu não sei!

Não quero ser partícipe de algo por estratégia. Não estou em guerra, não jogo war, não brinco de comandos em ação. Isto é política. E dizer-me PT apesar-de-tudo por não ter mais para onde ir, parace-me covardia. Se não há construção? Busquemos outras searas, ora bolas! Não há razão de fincar o pé num oportunismo por mim incompreensível. De outro lado, deixar o Partido, rumar para o P-SOL é apostar em algo longínquo, que hoje existe ainda de uma forma bastante rarefeita e sem contornos muito bem traçados. Quem garante que o P-SOL será realmente uma alternativa emancipatória e não apenas um gueto daqueles(as) que não ocuparam os cargos da direção majoritária do PT? E ainda tem mais aquele argumento, clichê mas verdadeiro, apresentado sempre pelo campo majoritário e pelas alas mais governistas, de que se há uma possibilidade de esquerda efetiva no país atualmente está no PT.

Eu, juro que pela última vez, não sei! Dá-me tudo isso a impressão de que há duas alternativas: militar em nome da fraca possibilidade de construção atual da esquerda, ou militar pela distante e sonhada construção da esquerda - real esquerda - de nossos ideais, em que erros não seriam cometidos novamente. E são ambas as possibilidades frágeis demais. Isso porque não se pode tirar de ninguém o direito humano fundamental de errar. Ou estaria-se tirando inevitavelmente também o direito fundamental de tentar. Assim pensaram aqueles e aquelas que, na época de minha vozinha que nunca foi e esquerda mas que sempre foi da história, fundaram o PT.

É, o mundo começa agora, apenas começamos.

Monday, June 06, 2005

 

Cara Amiga Ausência,

eu
passei
por
você
e
você
nem
me
viu
tão
rápida
ia
em
seu
velocípede
de
brisa
com
os
olhinhos
a
brilhar
e
a
alma
a
dizer
:
Guigo
,
Ceci
,
Dolfo
,

,
tempo
passa
e
eu
por
vocês
entrepasso
toda
a
minha
triste
presença
de
um
Junho
meu

meu
e
de
minha
revolução
.
de
mim
?
S
a
u
d
a
d
e
.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?