Tuesday, June 14, 2005

 

Cara amiga Pedra Ametista,

de onde tiraram de ti tamanha concretude? És-te bela, menina Pedra. E bela pareces capaz de seduzir de tal jeito o nome das coisas, a cor das coisas, a finalidade das coisas, que és concreta abstratamente. Isso porque o concreto, menina Ametista, eu não temo. Eu, que sou concreto, piso com cuidado por demais no que é liquefeito, no sublimado. Eu, que sou concreto e conheço a superfície de todas as coisas, relego à permeabilidade dos poros da inconcretude da alma humana esse meu sentimento das outras coisas do mundo. E me vem agora a dúvida: de que cor é uma ametista? Que cheiro tem uma ametista? A cor da ametista é da essência da ametista, menina pedra? Antes o abstrato da cor à sua concretude. Assim, de forma a pairar como o cheiro de um homem amando, espero sempre a sua beleza. Porque ela virá trazando todas as demais coisas concretas e abstratas. E trará a própria menina Pedra Ametista que tem em si um amor-dor tão concreto que fere mesmo a idéia do abstrato, e outro amor-sorriso tão abstrato que trinca a concretude mesma do diamente que sou, Pedra Ametista.
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