Monday, October 03, 2005

 

Cara história não vivida,

Gostaria de dizer que estou de saco cheio de você. Porque pior que um texto que não sai, o que se passa entre nós não vai além do que as palavras te disseram. Porque do começo pro fim precisa de meio, até num piscar de olho, tem olho fechado no meio, cumprindo seu papel de trama, de desenvolvimento, de enredo.

Você, sua maldita história não vivida, me extirpou o meio, tirou de mim no seco, sem nenhuma xilocaína. Assim você se fez, do capitulo dois para o final. E, se está achando isso bonito, fique sob aviso, você tem muito que ler. Olhe pra você, nem pra fazer um final feliz você foi capaz. Qualquer finalzinho mais ou menos daria um ar de tudo bem, não é difícil de criar.

Mas, deixe estar, que história não vivida não é clássico, não vai pra estante, nem tem gosto de saudade. História não vivida é que nem mediocridade. Não tem lembrança de fim de tarde, de por do sol, de cafuné de domingo, de sorvete de casquinho. História não vivida é que nem vontade besta que dá, e passa.

Deixe estar que de você eu me liberto, fique sabendo: entre inicio e fim, não cabe saudade do que não foi. Se quiser eu até escrevo, mesmo insistindo, você nem é nada. Pode ir tirando as mãos dos ombros de quem passa, se enxergue. E, não adianta ficar a porta, que eu não deixo você entrar, nem pedinte você é minha querida.
Por favor, dê licença, tem enredo querendo sambar, olho querendo piscar, gente querendo entrar.


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