Saturday, September 10, 2005

 

Cara irracionalidade,

amiga que saudade... Há tempos que não lhe faço visitas. Tenho andado muito longe de abismos ultimamente, saltos só com redes a me amparar. Sua carta deixou gostinho de quero mais. Como é bom te sentir perto assim por letras, te supor dentro de entrelinhas. Muita saudade dos velhos tempos, mas você bem o sabe o inesperado, o surpreendente não tem vindo me visitar e ele só ele sabe exatamente o caminho de sua morada. Quem sabe até o fim do ano ele não aparece pra desejar boas festas? Enquanto isso, escreva-me, escreva-me. Conte-me de você.

E me conte mais dela. Bom ter notícias de que ela chegou e está bem. Já estava preocupada pela demora e esse seu silêncio me doía. Temia ter ela encontrado algum falso atalho (porque você bem o sabe que na estrada tortuosa de sua casa há muitos desvios que não se sabe aonda levam) e tivesse se perdido nessa jornada. Não se preocupe ela está pelos jardins mas logo entrará. Por certo está recobrando as forças (a viagem é longa) e deve estar a procurar nas flores o inimaginável. Ele sempre chega nas horas não marcadas porque tem de fazer paradas pra visitar velhas amantes, é sempre assim...

Mas é bom que ela já ensaie os saltos. É preciso muito treino pra chegar à soleira da porta num salto só. Então é bom que já prepare o corpo pra tal aventura. O amor exige muito do corpo, você bem o sabe. Precisa-se correr, saltar, preparar o fôlego, enrigecer os músculos. Amor não é tarefa fácil. Amor não é coisa pra medrosos.

Amiga, preciso interromper a carta. Alguém à porta me chama. E você sabe discurso parado não pode ser emendado. Portanto, as outras notícias ficam na próxima missiva. Mas me escreva, não tarde em escrever porque me aperta o coração a demora.

beijos saudosos,
Lua
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