Sunday, August 07, 2005
caro tudo,
não gosto muito de você. Você é bem maior do que eu. Você me cabe assim tão completamente que em você me perco e aí não dá pra ter a dimensão do que exatamente você é. Não gosto dessa tua universalidade só comparável a pertencente ao todo e ao nada. Nem o nunca te chega perto. É que o nunca já nasce pra ser contestado. A quebra de sua regra é ligada umbilicalmente à sua chegada. Sim, TUDO. O senhor tem o dom de me incomodar. Como assim alguém chega e diz que sabe TUDO sobre mim? Como assim? Se nem mesmo eu sei...Se nem mesmo eu existo assim plenamente para haver um TUDO sobre mim. Se eu me sou pela metade, se eu me sou sem ser, eu me transformo em outras sendo ainda sim eu. Como é que se tem a cara deslavada de me conheceres por inteiro? Não! De hoje em diante abolirei do meu dicionário você: tudo. E vai ser abolido por desuso, não sou de me utilizar de seus serviços. Podem dizer que é uma atitude autoritária, pode até ser que as palavras se organizem e façam uma revolução lingüística. Mas minha decisão está tomada: tudo está abolido.