Sunday, August 14, 2005
caro amigo-irmão,
o que eu adoro em ti
não é tua beleza
a beleza é em nós que ela existe
a beleza é um conceito
e a beleza é triste
não é triste em si
mas pelo que há nela
de fragilidade e incerteza
o que eu adoro em ti
não é a tua inteligência
não é o teu espírito sutil
tão ágil e tão luminoso
ave solta no céu matinal da montanha
nem é a tua ciência
do coração dos homens e das coisas
o que eu adoro em ti
não é tua graça musical
sucessiva e renovada a cada momento
graça que perturba e satisfaz
o que eu adoro em ti
não é a mãe que já perdi
e nem meu pai
O que eu adoro em tua natureza
não é o profundo instinto matinal
em teu flanco aberto como uma ferida
nem a tua pureza. nem a tua impureza.
o que eu adoro em ti lastima-me e consola-me:
o que eu adoro em ti é a vida.
Manuel Bandeira.
não é tua beleza
a beleza é em nós que ela existe
a beleza é um conceito
e a beleza é triste
não é triste em si
mas pelo que há nela
de fragilidade e incerteza
o que eu adoro em ti
não é a tua inteligência
não é o teu espírito sutil
tão ágil e tão luminoso
ave solta no céu matinal da montanha
nem é a tua ciência
do coração dos homens e das coisas
o que eu adoro em ti
não é tua graça musical
sucessiva e renovada a cada momento
graça que perturba e satisfaz
o que eu adoro em ti
não é a mãe que já perdi
e nem meu pai
O que eu adoro em tua natureza
não é o profundo instinto matinal
em teu flanco aberto como uma ferida
nem a tua pureza. nem a tua impureza.
o que eu adoro em ti lastima-me e consola-me:
o que eu adoro em ti é a vida.
Manuel Bandeira.