Monday, July 18, 2005
Caro Amigo Secreto,
Foi bom saber de tua infância, daquele jeito. Saber de tua história, de teu passado. É sempre bom quando tu me permites te conhecer assim, por tua voz mesmo, sem que eu precise de meus instintos. Eu sei que às vezes eu insisto demais. Como você está? Tudo bem mesmo? Já disse que a ama hoje? Sei que sou exigente – também demais – com abraços-de-verdade, com verdades confessadas, com verdades de verdade. Mas sei que você sabe disso tudo e que saber disso tudo é a forma que você tem de me conhecer demais. E é isso, isso e o silêncio que sabemos compartilhar, que me garante essa intimidade subversiva, talvez invasiva, mas, acima de tudo, solidária e amiga que temos. E me é um orgulho tê-la. Mas reclamo. Reclamo quando me preocupo, reclamo quando percebo dissonâncias com o pacto que tens com o mar em teu andar e com o horizonte de teus olhos. Reclamo quando pareces distante, não de mim, mas de ti mesmo. Ainda tenho essa mania terrível de esperar sentimentos, eu sei, eu sei. E é bem verdade que tenho dificuldades em lidar com essa sua dificuldade de falar deles, como falo dos meus. É que são essas diferenças nossas, que talvez só compreendamos nas quase que diárias conversas sem pudores, que nos fazem assim. Você e eu: pedaço d’alma repleto de boniteza em mim.