Wednesday, April 13, 2005
Caro Amor de Abril,
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Se eu disser que te amo, você não acredita. Vai pensar que é como os outros eu-te-amo mundo afora, ditos sem choro nem vela, sem ânsia no estômago, sem medo, sem ousadia. Não vai acreditar que meu eu-te-amo é daqueles que revoltam a alma inteira, que machucam o corpo, que arrepiam a pele, que doem, porque é daqueles eu-te-amo que compartilham a gente com o outro, que dividem quem se é, que recebem quem não se é. Se eu disser que te amo, você vai dar risada, responder que me ama também, mas eu bem sei: não ama não. Você não me ama porque não compreende o meu eu-te-amo pedaço de minha alma vermelha dolorida. Mão não tem desespero, só o apego de meus olhos a ti. Porque ainda que eu diga que te amo e ainda que eu dizendo você não compreenda, eu direi outras e outras vezes que te amo. Direi que te amo quantas vezes eu puder me repartir. Direi que te amo e direi que te amo e direi que te amo até que eu seja tão pequeno, mas tão pequeno, que não tenha mais altura pra te amar, ou que esqueça de te amar, ou que desista, ou que mate e me mate todo o meu amor por ti.
Se eu disser que te amo, você não acredita. Vai pensar que é como os outros eu-te-amo mundo afora, ditos sem choro nem vela, sem ânsia no estômago, sem medo, sem ousadia. Não vai acreditar que meu eu-te-amo é daqueles que revoltam a alma inteira, que machucam o corpo, que arrepiam a pele, que doem, porque é daqueles eu-te-amo que compartilham a gente com o outro, que dividem quem se é, que recebem quem não se é. Se eu disser que te amo, você vai dar risada, responder que me ama também, mas eu bem sei: não ama não. Você não me ama porque não compreende o meu eu-te-amo pedaço de minha alma vermelha dolorida. Mão não tem desespero, só o apego de meus olhos a ti. Porque ainda que eu diga que te amo e ainda que eu dizendo você não compreenda, eu direi outras e outras vezes que te amo. Direi que te amo quantas vezes eu puder me repartir. Direi que te amo e direi que te amo e direi que te amo até que eu seja tão pequeno, mas tão pequeno, que não tenha mais altura pra te amar, ou que esqueça de te amar, ou que desista, ou que mate e me mate todo o meu amor por ti.
Saturday, April 09, 2005
Cara preguicinha gostosa de ser feliz,
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Candeias pacífica, nublada, chorosa, chuvosa me põe na cama sempre que tento deixá-la. E me confina a esse estado de latência diante de tudo. Sou hoje um coração pulsando bem devagar, um passarinho planando sobre o lago Guaíba, sou um sol se pondo ao som de um bolero na Prainha do Jacaré onde todo sol se põe, sou tudo o que me pacifica, sou esta Candeias inteira e o sorriso de Biagio a me excitar, sou a Boa Vista em tarde de Domingo. E estou cá da frente deste texto paquerando com a felicidade que me convida para uma brincadeira do outro lado da janela. Mas eu não quero ir. Quero-me aqui, apenas a cortejando, em piscadelas de olho e num eu-bem-que-já-mais-ou-menos-aprendi-a-ser-feliz bonito. Quero-me aqui e que ela esteja lá, porque, Cara preguicinha, é este meu estado de espírito, minha desolação, meu ânimo e meu abril derramado em flores na camisa de Chico e do tempo de meus vinte e um anos.
Candeias pacífica, nublada, chorosa, chuvosa me põe na cama sempre que tento deixá-la. E me confina a esse estado de latência diante de tudo. Sou hoje um coração pulsando bem devagar, um passarinho planando sobre o lago Guaíba, sou um sol se pondo ao som de um bolero na Prainha do Jacaré onde todo sol se põe, sou tudo o que me pacifica, sou esta Candeias inteira e o sorriso de Biagio a me excitar, sou a Boa Vista em tarde de Domingo. E estou cá da frente deste texto paquerando com a felicidade que me convida para uma brincadeira do outro lado da janela. Mas eu não quero ir. Quero-me aqui, apenas a cortejando, em piscadelas de olho e num eu-bem-que-já-mais-ou-menos-aprendi-a-ser-feliz bonito. Quero-me aqui e que ela esteja lá, porque, Cara preguicinha, é este meu estado de espírito, minha desolação, meu ânimo e meu abril derramado em flores na camisa de Chico e do tempo de meus vinte e um anos.